segunda-feira, 26 de junho de 2023
terça-feira, 13 de junho de 2023
A justiça de Deus e o coração humano
Dentre tantos admiráveis atributos de Deus, não podemos
deixar de pensar em sua justiça. Deus é Justo, assim como ele é Amoroso, Poderoso,
Soberano, Santo, Glorioso, cheio de Graça e Misericórdia. A justiça de Deus se
entrelaça em sua própria personalidade e é evidente em tudo o que Ele faz, Ap
15.3-4.
A justiça de Deus é também um atributo que desperta
sentimentos variados no coração e na mente do ser humano. Ela pode trazer
alívio ou desconforto, tranquilidade ou perturbação. Isso acontece de acordo
com nossa compreensão, ou não, da revelação dos planos de Deus. Saber que nos
tornamos pecadores destituídos da glória de Deus causa uma sensação de pânico,
Rm 3.23, At 2.37. Por outro lado, saber que a justiça de Deus é revelada no
evangelho com poder para salvação, isso nos dá paz, Rm 1.16-17, Cl 1.20.
Muitos homens e mulheres não querem conhecer a justiça de
Deus como ela realmente é. O ser humano prefere determinar por seus próprios valores
como ela deveria ser. Dessa intensão descabida é que surgem as famosas
afirmações “não acredito que um Deus bom poderia condenar pessoas ao
sofrimento eterno” ou “Se Deus é amor, então tudo o que ele quer é que
sejamos felizes”. De acordo com esse estereótipo divino, o ser humano
desenhou para si um deus pseudojusto que não pode enxergar o pecado, nem julgá-lo
e muito menos condená-lo. Querem um deus que ainda esteja aprendendo sobre o
certo e errado e o seu professor seja o homem.
Isso nos leva ao fato que, ao falarmos sobre justiça, precisamos
primeiro, obrigatoriamente, entender qual é o padrão. É praticamente impossível
encontrar um consenso a respeito de justiça se ela for simplesmente resultado
da percepção individual de cada ser humano. Pense nesses exemplos: a
constituição e as leis mudam de país para país, assim aquilo que é “justo” em
uma região, pode ser considerado uma abominação em outras. Legalização de
drogas, porte de armas de fogo, sentenças de morte, poligamia... Há
discordâncias até mesmo entre pais que consideram errado repreender os filhos, enquanto
outros entendem que isso é necessário, Pv 13.24; 22.15; 23.13-14; 29.15. Nas
sociedades de hoje ninguém praticaria o canibalismo, mas isso já foi um hábito em
culturas antigas, sem culpa ou ressentimentos. A lista de exemplos seria
interminável para provar que a justiça elaborada na mente humana sempre será
diferente de um país para o outro, de religião para religião, de pessoa para
pessoa. Sendo assim, o homem que pretende conhecer a verdadeira justiça deverá
buscá-la fora de si próprio. Ela não será encontrada nos livros de direito e
nem nos tribunais. A Palavra de Deus ainda é a fonte para conhecê-la.
A respeito do Deus justo em quem cremos, aprendemos muito
nas Escrituras. Conhecer a Deus trará o conhecimento da verdadeira justiça e
nos ajudará a entender o certo e errado segundo os padrões dEle e não nossos.
Crer na revelação divina significa que eu abro mão dos meus princípios para
apropriar-me do padrão de Deus e de tudo aquilo que ele aprova e reprova.
Precisamos perceber a profundidade dessa questão. Se somos os
representantes da justiça divina nesse mundo, então por que tantas vezes nos
calamos diante do erro e da injustiça? Por que sentimos medo e vergonha de
confessar os valores que cremos, como se nós fossemos os injustos? Aprendemos
de Deus o que verdadeiramente é certo, mas nos calamos ao ver maldades,
fofocas, divórcios, inimizades, homossexualismo. Não ajudamos as pessoas a
enxergar que, mesmo sem infringir qualquer lei humana, estão trilhando o
caminho do erro. Precisamos ter coragem de testemunhar a justiça de Deus. Permanecer
no esforço diário em sermos aquilo que Deus espera e ainda ajudar outros a
conhecer esse caminho, para que no dia do justo juízo mais pessoas estejam do
lado certo, Mt 25.31-46.
Mas seria possível ao homem atingir “aquilo que Deus
espera”? Entendemos que “ser justo” implica na perfeita obediência às leis
instituídas. Um juiz no tribunal se esforça para aplicar a lei, punindo o
culpado ou absolvendo o inocente. Se o acusado não tiver cometido qualquer
irregularidade mediante a lei, então ele sairá livre por sua justiça. Porém,
diante de Deus, quem jamais cometeu qualquer irregularidade? 1Jo 1.8. Somente
Jesus passaria ileso pelo tribunal de Deus, 2Pe 2.21-22; Hb 4.15.
No plano redentor revelado nas Escrituras, é justamente nessa
perfeição de Jesus que o homem pode ser inocentado. De fato, todos os homens
pecaram, mas Deus oferece justificação por meio da fé em Cristo. Isso significa
que aquela justiça que somente Jesus foi capaz de demonstrar nessa terra
revestirá a cada um que entregar sua vida a ele. Não somos justos, mas o Pai
verá a justiça do Filho refletida em nós, Rm 8.1-4, 2Co 5.21, Cl 1.21-22. A
obediência à lei de Deus não é a razão, mas sim o resultado da nossa
justificação. É a fé em Cristo Jesus que transforma o coração do homem e assim
o leva ao esforço da obediência. Os exemplos são inúmeros à esse respeito, Rm 4,
Hb 11.